(...)
Você tem medo de se apaixonar
e não prever o que pode sumir,
o que pode desaparecer.
Medo de se roubar para dar a ele,
de ser roubada e pedir de volta.
Medo de que ele seja um canalha,
medo de que seja um poeta,
medo de que seja amoroso,
medo de que seja um pilantra,
incerta do que realmente quer,
talvez todos em um único homem,
todos um pouco por dia.
Medo do imprevisível que foi planejado.
Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue.
Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo.
O corpo mais lado da fraqueza.
Medo de que ele seja o homem certo na hora errada,
a hora certa para o homem errado.
Medo de se ultrapassar e se esperar por anos,
até que você antes disso
e você depois disso
possam se coincidir novamente.
Medo de largar o tédio.
Afinal, você e o tédio enfim se entendiam.
Medo de que ele inspire a violência da posse,
a violência do egoísmo,
que não queira repartir ele com mais ninguém,
nem com seu passado.
Medo de que não queira se repartir
com mais ninguém, além dele.
Medo de que ele seja melhor do que suas respostas,
pior do que as suas dúvidas.
Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar,
mas deliciosamente rude para chamar,
que ele se vire para não dormir,
que ele se acorde ao escutar sua voz.
Medo de ser sugada como se fosse pólen,
soprada como se fosse brasa,
recolhida como se fosse paz.
Medo de ser destruída,
aniquilada, devastada
e não reclamar da beleza das ruínas.
Medo de ser antecipada
e ficar sem ter o que dizer.
Medo de não ser interessante o suficiente
para prender sua atenção.
Medo da independência dele, de sua algazarra,
de sua facilidade em fazer amigas.
Medo de que ele não precise de você.
Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério
ou que banque o sério quando faz uma brincadeira.
Medo do cheiro dos travesseiros.
Medo do cheiro das roupas.
Medo do cheiro nos cabelos.
Medo de não respirar sem recuar.
Medo de que o medo de entrar no medo
seja maior do que o medo de sair do medo.
Medo de não ser convincente na cama,
persuasiva no silêncio, carente no fôlego.
Medo de que a alegria seja apreensão,
de que o contentamento seja ansiedade.
Medo de não soltar as pernas das pernas dele.
Medo de soltar as pernas das pernas dele.
Medo de convidá-lo a entrar,
medo de deixá-lo ir.
Medo da vergonha que vem junto da sinceridade.
Medo da perfeição que não interessa.
Medo de machucar, ferir,
agredir para não ser machucada,
ferida, agredida.
Medo de estragar a felicidade por não merecê-la.
Medo de não mastigar a felicidade por respeito.
Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la.
Medo do cansaço de parecer inteligente
quando não há o que opinar.
Medo de interromper o que recém iniciou,
de começar o que terminou.
Medo do aniversário sem ele por perto,
dos bares e das baladas sem ele por perto,
do convívio sem alguém para se mostrar.
Medo de enlouquecer sozinha.
Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha.
Você tem medo de já estar apaixonada?
Fabricio Carpinejar
Oi linda, o medo deixa a gente fraco né? beijos e boa segunda de carnaval
ResponderExcluirGostei mto do poema
ResponderExcluirsimples e profundo
Bj